BARREIRAS NO ACESSO À ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA DE PESSOAS VIVENDO COM HIV/ AIDS

BARRIERS TO ACCESS TO DENTAL CARE FOR PEOPLE LIVING WITH HIV/AIDS

Resumo

Este estudo descreve as barreiras para acesso à assistência odontológica de pessoas vivendo com o vírus da imunodeficiência humana/síndrome da imunodeficiência adquirida (PVHIV/AIDS) sob a ótica dos pacientes. Foi realizada uma pesquisa qualitativa desenvolvida em um Serviço de Assistência Especializada (SAE) em IST AIDS/Hepatites Virais. Os dados foram coletados por meio de questionário e entrevistas áudio gravadas, seguindo as etapas propostas por Bardin. Participaram da pesquisa 31 PVHIV/AIDS. Observou-se que não são todos os participantes que relatam o diagnóstico de HIV/AIDS ao dentista, seja por vergonha, medo do estigma e discriminação ou por não acharem necessário. Por outro lado, algumas pessoas relataram não perceber atitudes discriminatórias quando relatado o diagnóstico. A revelação do diagnóstico está relacionada à confidencialidade e exposição para os familiares ou pessoas que fazem parte da mesma comunidade (cidade). As principais dificuldades relatadas pelos participantes para acesso à assistência odontológica foram a demora no atendimento pelo Serviço Público de Saúde, questão financeira no privado e restrição de procedimentos. Os resultados evidenciam que o acesso à assistência odontológica por PVHIV/AIDS ainda não é totalmente eficaz, embora alguns empecilhos para seu atendimento não difiram da população em geral. O estigma e o preconceito ainda estão presentes nos serviços exercidos por profissionais de saúde, bem como a necessidade de maior conhecimento sobre o HIV/AIDS pelos profissionais e mudança no comportamento tanto do profissional quanto de PVHIV.

PALAVRAS-CHAVE: Odontologia, Estigma, Confidencialidade.

Abstract

This study describes the barriers to accessing dental care for people living with human immunodeficiency virus/acquired immunodeficiency syndrome (PLHIV/AIDS) from the patients' point of view. A qualitative study was carried out in a Specialized Care Service (SAE) for STI/AIDS/Viral Hepatitis. Data was collected using a questionnaire and audio-recorded interviews, following the stages proposed by Bardin. Thirty-one PLHIV/AIDS took part in the study. It was observed that not all participants reported their HIV/AIDS diagnosis to the dentist, either because of shame, fear of stigma and discrimination or because they didn't think it was necessary. On the other hand, some people reported that they did not perceive discriminatory attitudes when they reported their diagnosis. Disclosure of the diagnosis is related to confidentiality and exposure to family members or people who are part of the same community (city). The main difficulties reported by participants in accessing dental care were delays in receiving care from the Public Health Service, financial issues in the private sector and restrictions on procedures. The results show that access to dental care for PLHIV/AIDS is not yet fully effective, although some of the obstacles to their care are no different from the general population. Stigma and prejudice are still present in the services provided by health professionals, as well as the need for greater knowledge of dental care. 

KEYWORDS: Dentistry, Stigma, Confidentiality.