GRAU DE PROCESSAMENTO COMO INDICADOR DE QUALIDADE DA AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS DA AGRICULTURA FAMILIAR PARA A ALIMENTAÇÃO ESCOLAR
DOI:
https://doi.org/10.33362/ries.v11i1.2653Resumo
Esta pesquisa teve como objetivo analisar o grau de processamento dos alimentos listados nas chamadas públicas para aquisição de alimentos provenientes da agricultura familiar para a alimentação escolar em Santa Catarina e, ainda, explorar a aplicabilidade do parâmetro do grau de processamento por nutricionistas responsáveis técnicos do PNAE. Estudo do tipo analítico de base documental, desenvolvido em uma perspectiva longitudinal retrospectiva, que utilizou o método Delphi para produzir um consenso sobre a classificação dos alimentos registrados nas chamadas públicas de aquisição da agricultura familiar para a alimentação escolar no estado de Santa Catarina. Para compor o grupo de especialistas, foram convidados 11 Nutricionistas que atuam como responsáveis técnicas pelo PNAE em municípios de Santa Catarina e que participaram de duas rodadas de classificação de 473 alimentos por grau de processamento em in natura, minimamente processados, processados e ultraprocessados. A partir da realização das duas rodadas para classificação dos alimentos, obteve-se consenso dos especialistas para 83,93% (n=397) deles, sendo 370 (78,22%) na primeira rodada e mais 27 (5,71%) na segunda. Restaram, assim, 76 itens (16,06%) para serem classificados pelas pesquisadoras. O mínimo grau de processamento foi o de mais difícil identificação pelos especialistas. Os resultados alcançados indicaram que, predominantemente, têm sido demandados alimentos in natura e minimamente processados da agricultura familiar para a alimentação escolar. Além disso, foi observada dificuldade na aplicação do grau de processamento para classificação dos alimentos provenientes da agricultura familiar.
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