A humanização como política pública: o (re)visitar de estudos no campo da saúde
Humanization as public policy: the (re)visit of studies in the health field
DOI:
https://doi.org/10.33362/ries.v14i1.2801Palavras-chave:
Gesto de práticas, Práticas humanizadoras, Saúde públicaResumo
A pesquisa tem como objetivo compreender a humanização, como política pública, com suporte em revisão de perfil bibliométrico e, também, sistemático, em referência às concepções que possam contribuir com o desenho de referências e/ou diretrizes para o planejamento e operacionalização de práticas humanizadoras. Nos procedimentos metodológicos foram realizadas duas abordagens: bibliométrica, com o uso do software VOSviewer formado pela coocorrência de palavras-chave e com agrupamento em clusters; sistemática, a partir do levantamento de dados de 34 artigos. Os resultados sugerem que pelo perfil bibliométrico tem-se a ideia da humanização da assistência, reforma psiquiátrica e saúde mental, com investigações sobre saúde do trabalhador, ética e educação médica, bem como integralidade, com ênfase nas áreas da enfermagem e psicologia. Já sobre à análise sistemática, tem-se quatro aspectos: protagonização da sociedade, processos e relações de trabalho, dignidade da pessoa humana e modelo de atenção/ assistência de saúde, que conferem sentido aos princípios constitucionais, às relações institucionais, à integralidade e à lógica que sustenta a atenção/ assistência em saúde. Conclui-se que a intersetorialidade e a interdisciplinaridade são subjacentes aos temas empreendidos, no sentido de que a política nacional de humanização possa ser legitimada em práticas promotoras de saúde com base em encontros terapêuticos instituídos por espaços de cuidado.
Palavras-chave: Gesto de práticas. Práticas humanizadoras. Saúde pública.
Abstract
The research aims to understand humanization as a public policy, supported by a review of bibliometric and systematic profiles, in reference to the concepts that may contribute to the design of references and/or guidelines for the planning and operationalization of humanizing practices. The methodological procedures included two approaches: bibliometric, using the software VOSviewer, formed by the co-occurrence of keywords and clustering; and systematic, based on the data collection of 34 articles. The results suggest that the bibliometric profile presents the idea of humanizing care, psychiatric reform, and mental health, with investigations on worker health, ethics, and medical education, as well as integrality, with an emphasis on nursing and psychology. The systematic analysis revealed four aspects: societal protagonism, work processes and relationships, human dignity, and the health care/assistance model, which give meaning to constitutional principles, institutional relationships, integrality, and the logic supporting health care/assistance. It is concluded that intersectorality and interdisciplinarity underpin the addressed topics, in the sense that the national humanization policy may be legitimized in health-promoting practices based on therapeutic encounters established in care spaces.
Keywords: Practice gesture. Humanizing practices. Public health.
Resumen
La investigación tiene como objetivo comprender la humanización como política pública, respaldada por una revisión de perfiles bibliométricos y sistemáticos, en referencia a los conceptos que pueden contribuir al diseño de referencias y/o directrices para la planificación y operacionalización de prácticas humanizadoras. Los procedimientos metodológicos incluyeron dos enfoques: bibliométrico, utilizando el software VOSviewer, formado por la coocurrencia de palabras clave y agrupamiento; y sistemático, basado en la recopilación de datos de 34 artículos. Los resultados sugieren que el perfil bibliométrico presenta la idea de la humanización de la atención, la reforma psiquiátrica y la salud mental, con investigaciones sobre la salud laboral, la ética y la educación médica, así como la integralidad, con énfasis en enfermería y psicología. El análisis sistemático reveló cuatro aspectos: protagonismo social, procesos y relaciones laborales, dignidad humana y el modelo de atención/asistencia en salud, que dan sentido a los principios constitucionales, las relaciones institucionales, la integralidad y la lógica que sustenta la atención/asistencia en salud. Se concluye que la intersectorialidad y la interdisciplinariedad sustentan los temas abordados, en el sentido de que la política nacional de humanización puede ser legitimada en prácticas que promuevan la salud con base en encuentros terapéuticos establecidos en espacios de cuidado.
Palabras clave: Gesto de prácticas. Prácticas humanizadoras. Salud pública.
Referências
ACOSTA, Carlos Andrés Andino. La humanización, un asunto ético en la acreditación en salud. Revista Colombiana de Bioética, v. 13, n. 2, p. 68-86. 2018. DOI: https://doi.org/10.18270/rcb.v13i2.1945.
ARMAN, Maria et al. Anthroposophic health care–different and home‐like. Scandinavian journal of caring sciences, v. 22, n. 3, p. 357-366, 2008. 10.1111/j.1471-6712.2007.00536.x
BENEVIDES, Regina; PASSOS, Eduardo. A humanização como dimensão pública das políticas de saúde. Ciência & saúde coletiva, v. 10, n. 3, p. 561-571. 2005. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/csc/v10n3/a14v10n3.pdf. Acesso em: 11 fev. 2025.
BEREZOVSKY, B. A. et al. Formation of Higher Plant Sets for a Closed Biotechnical Life-Support System. Moscow, GLAVMIKROBIOPROM, 1977.
BRASIL. Ministério da Saúde. VIII Conferência Nacional de Saúde. Relatório Final. 1986.
BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar. Brasília: DF, Mimeo. 2000.
BRAVO, Maria Inês Souza. Política de Saúde no Brasil. In: MOTA, A. E. et al. Serviço Social e Saúde: formação e trabalho profissional. 4. ed. Editora Cortez. 2006. Disponível em: https://www.escoladesaude.pr.gov.br/arquivos/File/Politica_de_Saude_no_Brasil_Ines_Bravo. Acesso em: 11 fev. 2025.
CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa. Um método para análise e cogestão de coletivos: a constituição do sujeito, a produção de valor de uso e a democracia em instituições - o método da roda. São Paulo: HUCITEC. 2010.
CARLOSAMA, Diana Milena et al. Humanização dos serviços de saúde na Ibero-América: uma revisão sistemática da literatura. Persona y Bioética, v. 23, n. 2, p. 245-262, 2019. DOI: 10.5294/pebi.2019.23.2.6.
CARRIÃO, Gabriel Alves; MARQUES, Jéssica Ribeiro; MARINHO, Jaqueline Luvisotto. Atenção hospitalar: interatividades por entre constituição histórico-social, gestão e humanização em saúde. Revista de Gestão em Sistemas de Saúde, v. 8, n. 2, 2019. DOI: https://doi.org/10.5585/rgss.v8i2.14930.
CHARMAZ, Kathy. Measuring pursuits, marking self: Meaning construction in chronic illness. International Journal of Qualitative Studies on Health and Well-being, v. 1, n. 1, p. 27-37, 2006. DOI: https://doi.org/10.1080/17482620500534488.
DORICCI, Giovanna Cabral; GUANAES-LORENZI, Carla. Revisão integrativa sobre cogestão no contexto da Política Nacional de Humanização. Ciência & Saúde Coletiva, v. 26, p. 2949-2959, 2021. DOI: https://doi.org/10.1590/1413-81232021268.11742019.
ESCOREL, Sarah. Reviravolta na saúde: origem da articulação do movimento sanitário. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz. 1999.
FERREIRA, Aurelio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 4. ed. Curitiba: Positivo. 2009.
FERREIRA, Laura Ribeiro; ARTMANN, Elizabeth. Discursos sobre humanização: profissionais e usuários em uma instituição complexa de saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 23, p. 1437-1450, 2018. DOI: https://doi.org/10.1590/1413-81232018235.14162016.
FLEURY, Sonia. A questão democrática na saúde. Saúde e democracia: a luta do CEBES. São Paulo: Lemos Editorial, p. 25-44, 1997.
GALVÃO, Taís Freire; PEREIRA, Mauricio Gomes. Revisões sistemáticas da literatura: passos para sua elaboração. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 23, n. 1, p. 183-184. 2014. DOI: https://doi.org/10.5123/S1679-49742014000100018 .
GALVÃO, Taís Freire; PEREIRA, Mauricio Gomes. Redação, publicação e avaliação da qualidade da revisão sistemática. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília,v. 24, n. 2, p. 333-334, 2015a. DOI: https://doi.org/10.5123/S1679-49742015000200016.
GALVÃO, Taís Freire; PEREIRA, Mauricio Gomes. Avaliação da qualidade da evidência de revisões sistemáticas. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 24, n. 1, p. 173-175, 2015b. DOI: https://doi.org/10.5123/S1679-49742015000100019.
LEITE, Tereza Emanuelle Holanda Pereira. et al. Os desafios da humanização dentro de unidades de pronto atendimento: a visão dos gestores. Ciência, Cuidado e Saúde, v. 17, n. 2, 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v17i2.41866
LIMA, João Carlos. Histórias das lutas sociais por saúde. Revista Trabalho Necessário, v. 4, n. 4, 2006.
LIMA, Nísia Trindade; FONSECA, Cristina Maria Oliveira; HOCHMAN, Gilberto. A Saúde na construção do Estado Nacional no Brasil: reforma sanitária em perspectiva histórica. In: LIMA, Nísia Trindade et al. Saúde e democracia: história e perspectivas do SUS. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2005.
MACEACHERN, Malcom Thomas. Hospital organization and management. 3. Ed. Chicago: Phsicianis Record. Management, v. 14, n. 3, p. 207–222. 1998.
MARINHO, Jaqueline Luvisotto; GABRIEL, Gabriel Alves; MARQUES, Jéssica Ribeiro. Atenção hospitalar: interatividades por entre constituição histórico-social, gestão e humanização em saúde. Revista de Gestão em Sistemas de Saúde, v. 8, n. 2. 2019. DOI: https://doi.org/10.5585/rgss.v8i2.14930.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O Desafio do Conhecimento: Pesquisa Qualitativa em Saúde. 10. ed. São Paulo: HUCITEC, 2007.
MIRSHAWKA, Victor. Hospital: fui bem atendido. A voz do Brasil. São Paulo: Morrom Brooks. 1993.
OLIVEIRA, Maria Emilia de Oliveira; ZAMPIERI, Maria de Fátima Mota; BRÜGGEMANN, Odaléa Maria. A melodia da humanização: reflexões sobre o cuidado no processo de nascimento. Florianópolis: Cidade Futura, 2001.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
PAIM, Jairnilson Silva. Bases Conceituais da Reforma Sanitária Brasileira. In: FLEURY, Sonia (org). Saúde e Democracia: A luta do CEBES. São Paulo: Lemos Editorial, 1997.
PASCUCI, Lucilane et al. Humanization in a hospital: a change process integrating individual, organizational and social dimensions. Journal of Health Management, v. 19, n. 2, p. 224-243, 2017. DOI: https://doi.org/10.1177/09720634176996.
RAMOS, Donatela Dourado; LIMA, Maria Alice Dias da Silva. Acesso e acolhimento aos usuários em uma unidade de saúde de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 19, n. 1, p. 27-34, 2003. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/csp/v19n1/14902.pdf. Acesso em: 11 fev. 2025.
SAMPAIO, José Jackson Coelho (Org). Política estadual de Humanização da atenção e gestão em saúde do Ceará. Fortaleza: SSCE, 2005.
SILVA, Rose Mary Costa Rosa Andrade et al. Humanização da saúde em consonância com as representações sociais de profissionais e usuários: um estudo literário. Revista Brasileira de Enfermagem Online, v. 13, n. 4, p. 677-685. 2014.
TODRES, Les; GALVIN, Kathleen T.; HOLLOWAY, Immy. The humanization of healthcare: A value framework for qualitative research. International Journal of Qualitative Studies on Health and well-being, v. 4, n. 2, p. 68-77, 2009. DOI: https://doi.org/10.1080/17482620802646204.
TRANFIELD, David; DENYER, David; SMART, Palminder. Towards a methodology for developing evidence‐informed management knowledge by means of systematic review. British journal of management, v. 14, n. 3, p. 207-222, 2003. DOI:https://doi.org/10.1111/1467-8551.00375.
VAN ECK, Nees; WALTMAN, Ludo. Software survey: VOSviewer, a computer program for bibliometric mapping. Scientometrics, v. 84, n. 2, p. 523-538, 2010. DOI: https://doi.org/10.1007/s11192-009-0146-3.
VAN ECK, Nees; WALTMAN, Ludo. Text mining and visualization using VOSviewer. ISSI Newsletter, v. 7, n. 3, p. 50–54. 2011.
VAN ECK, Nees; WALTMAN, Ludo. VOSviewer Manual. Universiteit Leiden, 2020.
WALDOW, Vera Regina; BORGES, Rosália Figueiró. Cuidar e humanizar: relações e significados. Acta Paulista de enfermagem, v. 24, p. 414-418, 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-21002011000300017.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Fabiana Pinto de Almeida Bizarria, Flávia Lorenne Sampaio Barbosa, Marcleide Sampaio Oliveira, Alexsandra Maria Sousa Silva, Felipe Plácido dos Santos, Rogeane Morais Ribeiro

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).





