O impacto da inteligência artificial no acesso à justiça e na proteção de dados: desafios e oportunidades ao sistema de justiça brasileiro

The impact of artificial intelligence on access to justice and data protection: challenges and opportunities for the brazilian justice system

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33362/juridico.v14i2.3791

Resumo

O presente artigo tem como objetivo analisar o impacto da inteligência artificial (IA) no acesso à justiça e na proteção de dados, destacando os desafios éticos, legais e sociais oriundos da incorporação de tecnologias automatizadas no sistema judiciário brasileiro. Discute-se como a IA pode ampliar o acesso à justiça por meio da automação de serviços jurídicos, ao mesmo tempo em que suscita riscos à privacidade e à autodeterminação informacional. Ao final, defende-se a necessidade de uma regulação orientada por princípios, capaz de garantir o uso ético e responsável da IA sem comprometer o direito à privacidade, à transparência e à equidade. Quanto à metodologia adotada, utilizou-se a qualitativa através do método indutivo, com base em revisão bibliográfica e análise de documentos jurídicos, legislativos e normativos.

 

Palavras-chave: Inteligência Artificial; Acesso à Justiça; Proteção de Dados; Justiça Digital; LGPD.

ABSTRACT: This article aims to analyze the impact of artificial intelligence (AI) on access to justice and data protection, highlighting the ethical, legal and social challenges arising from the incorporation of automated technologies in the Brazilian judicial system. It is discussed how AI can expand access to justice through the automation of legal services, while also raising risks to privacy and informational self-determination. Finally, it argues for the need for principle-oriented regulation, capable of ensuring the ethical and responsible use of AI without compromising the right to privacy, transparency and equity. Regarding the methodology adopted, a qualitative approach was used through the inductive method, based on a literature review and analysis of legal, legislative, and normative documents.

Keywords: Artificial Intelligence; Access to Justice; Data Protection; Digital Justice; LGPD.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ariane Maiara Soares Batista, UNIVALI

Mestranda em Ciência Jurídica pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência Jurídica – PPCJ (CAPES - Conceito 6) da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), com apoio de Bolsa PROEX-CAPES. Pós-graduada em Direito Imobiliário pela Faculdade Batista de Minas Gerais e em Direito Previdenciário e Trabalho pela UNIVALI. Graduada em Direito pela UNIVALI, Advogada. ORCID: https://orcid.org/0009-0006-1031-4734. E-mail: ariane.2601567@edu.univali.br.

Carla Piffer, UNIVALI

Bolsista de Pós-doutorado no Exterior - PDE pelo CNPQ, Chamada Pública MCTI/CNPq n 14/2023. Professora Permanente dos Programas de Mestrado e Doutorado em Ciência Jurídica - PPCJ - UNIVALI. Pós-doutora pela Mediterranea International Centre for Human Rights Research - Reggio Calabria - IT. Pós-doutora pela Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. Pós-doutora pela Universidade de Passo Fundo - UPF. Doutora em Diritto pubblico pela Università degli Studi de Perugia - Facoltà di Giurisprudenza- Itália. Doutora em Ciência Jurídica (UNIVALI). Mestre em Ciência Jurídica (UNIVALI). MBA em Direito da Economia e da Empresa/FGV. Graduada em Direito. Coordenadora do Programa Programa de Pesquisa Internacional conjunto PPCJ/UNIVALI e Facoltà di Giurisprudenza - Università Degli Studi Di Perugia. Coordenadora do PPCJ no Projeto MORE4WATER Combined monitoring and forecast for a sustainable management of water resources and timely adaptation to drought realizado com conjunto com a Università degli Studi di Perugia (UNIPG), Tiber Umbria Comett Education Programme (TUCEP), Instituto de Telecomunicações (IT), AcegasApsAmga S.p.A (AAA), financiado no Brasil pela Fapesc - Chamada pública 12/2022 - FAPESC ABROAD - COOPERAÇÃO INTERNACIONAL EM CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO E CONVÊNIOS BILATERAIS. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1294-7248. E-mail: carlapiffer@univali.br

Referências

ABREU, Pedro Manoel. Acesso à justiça e juizados especiais: o desafio histórico da consolidação de uma justiça cidadã no Brasil. 2. ed. rev. e atual. Florianópolis: Conceito Editorial, 2008.

AGUILAR, Francisco. Direito ao Recurso, Graus de Jurisdição e Celeridade Processual. O Direito. Coimbra: Almedina, 2006, Ano 138, n.º II, p. 289.

ATHENIENSE, Alexandre. Entrevista à Revista Direito Hoje. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/entrevista-conjur-alexandre-atheniense-na-era-digital-nao-podemos-ter-cabeca-de-papel/2255940. Acesso em: 10 jan. 2025.

BARROSO, Luís Roberto. O novo direito constitucional brasileiro: contribuições para a construção teórica e prática da jurisdição constitucional no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2009.

BÉTAILLE, Julien. Acesso à justiça e meios alternativos de resolução de conflitos. Revista de Direito Público, Brasília, v. 51, p. 107–126, 2017.

BIONI, Bruno Ricardo. Tratamento de dados pessoais e o princípio da necessidade na LGPD. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2022.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 01 mar. 2025.

BRASIL. Lei nº 11.419, de 19 de dezembro de 2006. Dispõe sobre a informatização do processo judicial. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 dez. 2006.

BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 15 ago. 2018. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm. Acesso em: 03 mar. 2025.

BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13140.htm. Acesso em: 26 fev. 2025.

BRASIL. Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015. Dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 29 jun. 2015. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13140.htm. Acesso em: 26 fev. 2025.

CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. Tradução de Ellen Gracie Northfleet. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 1988.

CASTRO, Gustavo Rabay Guerra de. Exclusão digital e acesso à justiça: reflexões sobre os desafios do processo eletrônico. Revista Brasileira de Direito Processual, v. 24, n. 1, p. 145–172, 2021.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ). História do Poder Judiciário no Brasil. Disponível em: https://www.cnj.jus.br. Acesso em: 24 mar. 2025.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ). Justiça 4.0: inovação e efetividade na realização da Justiça para todos. Brasília: CNJ, 2023. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/justica-quatro-ponto-zero/. Acesso em: 24 mar. 2025.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ). Programa Justiça 4.0 – Inovação e efetividade na realização da Justiça para todos. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/tecnologia-da-informacao-e-comunicacao/justica-4-0/. Acesso em: 28 fev. 2025.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ). Relatório sobre a exclusão digital e acesso à justiça no Brasil. Brasília: CNJ, 2022.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ). Relatório sobre proteção de dados no Poder Judiciário. Brasília: CNJ, 2023.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ). Resolução nº 345, de 9 de outubro de 2020. Dispõe sobre a implementação do Juízo 100% Digital e dá outras providências. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, DF, 9 out. 2020. Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/3429. Acesso em: 03 mar. 2025.

DONIER, Jean; LAPÉROU-SCHNEIDER, Françoise. L’accès au droit et à la justice. Paris: Dalloz, 2003.

ELIAS, Paulo Sá. Inteligência artificial requer atenção do Direito. Consultor Jurídico, 20 nov. 2017. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2017-nov-20/paulo-sa-elias-inteligencia-artificial-requer-atencao-direito/. Acesso em: 08 abr. 2025.

EUROPEAN UNION. Regulation (EU) 2016/679. (General Data Protection Regulation – GDPR). Official Journal of the European Union, L 119, 4 May 2016. Disponível em: https://gdpr-info.eu/. Acesso em: 01 fev. 2025.

FERRAJOLI, Luigi. A democracia através dos direitos: o constitucionalismo garantista como modelo teórico e como projeto político. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2021.

FOLLEVILLE, David. Acesso à justiça e justiça digital: desafios da nova realidade judicial. Revista de Processo, São Paulo, v. 313, 2020.

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS (FGV). Relatório de pesquisa: tecnologia aplicada à gestão dos conflitos no âmbito do Poder Judiciário. Disponível em: https://conhecimento.fgv.br/publicacao/relatorio-de-pesquisa-tecnologia-aplicada-gestao-dos-conflitos-no-ambito-do-poder-0. Acesso em: 03 mar. 2025.

HARARI, Yuval Noah. Homo Deus: uma breve história do amanhã. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

JAQUES, Marcelo Dias. Limites e possibilidades da mediação digital como política pública potencializadora do direito fundamental de acesso à justiça no Brasil. 2019. Disponível em: https://repositorio.unisc.br/jspui/handle/11624/2411. Acesso em: 26 fev. 2025.

MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo curso de processo civil: teoria geral do processo. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2017.

MENDONÇA, J. J. Florentino dos Santos. Acesso equitativo ao direito e à justiça. São Paulo: Almedina, 2016.

MORAES, Maria Celina Bodin de. A Defensoria Pública e a efetividade do acesso à justiça no Brasil. Revista da Defensoria Pública do Estado

MONTEIRO, Gustavo da Rocha. A inteligência artificial e os direitos fundamentais: uma análise à luz da LGPD. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2022.

PARLAMENTO EUROPEU. Temas. O que é a inteligência artificial e como funciona. Disponível em: https://www.europarl.europa.eu/topics/pt/article/20200827STO85804/o-que-e-a-inteligencia-artificial-e-como-funciona. Acesso em: 05 abr. 2025.

RHODE, Deborah L. Access to Justice. Oxford: Oxford University Press, 2004.

SADEK, Maria Tereza Aina. Poder Judiciário: um olhar crítico. Revista de Informação Legislativa, Brasília, v. 51, n. 202, 2014.

SADEK, Maria Tereza e ARANTES, Rogério. A Crise do Judiciário e a Visão dos juízes. Revista USP, Dossiê Judiciário, nº 21, 1994.

SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 18. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

SILVA, José Afonso da. A dignidade da pessoa humana como valor supremo da democracia. Revista de direito administrativo, n. abr./ju 1998. Disponível em: https://doi.org/10.12660/rda.v212.1998.47169. Acesso em: 01 mar. 2025.

SUSSKIND, Richard. Online Courts and the Future of Justice. Oxford: Oxford University Press, 2019.

TEGMARK, Max. Vida 3.0: o ser humano na era da inteligência artificial. São Paulo: Benvirá, 2018.

Downloads

Publicado

2025-12-02

Como Citar

MAIARA SOARES BATISTA, Ariane; PIFFER, Carla. O impacto da inteligência artificial no acesso à justiça e na proteção de dados: desafios e oportunidades ao sistema de justiça brasileiro: The impact of artificial intelligence on access to justice and data protection: challenges and opportunities for the brazilian justice system. Ponto de Vista Jurídico, Caçador (SC), Brasil, v. 14, n. 2, p. e3791-e3791, 2025. DOI: 10.33362/juridico.v14i2.3791. Disponível em: https://periodicos.uniarp.edu.br/index.php/juridico/article/view/3791. Acesso em: 5 dez. 2025.