SENTIDOS DE ADOLESCÊNCIA E ESCOLA POR JOVENS USUÁRIOS DA POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL

SENSES OF ADOLESCENCE AND SCHOOL BY YOUNG MENTAL HEALTH POLICY USERS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33362/professare.v11i2.2966

Palavras-chave:

Adolescência, Escola, Política de Saúde Mental, Psicologia da Educação

Resumo

Esta investigação tem como objetivo compreender o que pensam os adolescentes de um Centro de Atenção Psicossocial Infantil (CAPSi) sobre o processo de escolarização e a adolescência. O estudo, em uma abordagem qualitativa, foi realizado por meio de entrevistas semiestruturadas tendo como sujeitos de pesquisa dez adolescentes que frequentam o CAPSi de Joinville. Para análise dos resultados, foi utilizada a análise de conteúdo (FRANCO, 2018), com base nos aportes teóricos da psicologia histórico-cultural, tendo como referenciais teóricos Bock (2004), Ozella e Aguiar (2008), Veiga-Neto e Lopes (2011), Collares e Moysés (2016), entre outros. Por meio das falas dos adolescentes, constatou-se que eles incorporam em seus discursos a concepção de adolescência presente na sociedade ocidental, que a percebe como uma fase marcada por mudanças biológicas e hormonais e que comporta determinadas características e comportamentos, impactando diretamente na relação com o outro e com o seu projeto de vida, possuindo a expectativa de fazer o que desejam quando atingir a fase adulta. Em relação à escola, atribuem a ela a oportunidade de conquistar um bom futuro, contudo, em seus discursos, a escola é destituída de interesse e caracteriza-se como um espaço permeado por relações fragilizadas, marcadas pelo preconceito e pelo fracasso escolar.

Palavras chave: Adolescência. Escola; Política de Saúde Mental. Psicologia da Educação.

 

ABSTRACT

This investigation aims to understand what teenagers of the Psychosocial Care Center Child (CAPSi) think on the process of schooling and adolescence. The study, under a qualitative approach, was performed through semi-structured interviews. Ten adolescents who attend CAPSi in Joinville were interviewed. For data analysis, content analysis (FRANCO, 2018) was used, based on the theoretical contributions of historical-cultural psychology, taking into account the references from Bock (2004), Ozella and Aguiar (2008), Veiga-Neto and Lopes (2011), Collares and Moysés (2016), among others. Considering the teenagers’ speech, it was found that they incorporate in their speeches the same idea of adolescence the western society has about it. This society perceives adolescence as a phase marked by biological and hormonal changes and that entails certain characteristics and behaviors, influencing directly the relationship with the others and with their life project, having the expectation of doing what they want when in adulthood. Regarding school, the teenagers attach to it the opportunity to reach a good future. However, in their speeches, the school is devoid of interest and is characterized as a space permeated by fragile relationships, marked by prejudice and school failure.

Keywords: Adolescence. School; Mental Health Policy. Educational psychology.

Biografia do Autor

Tatiane Sousa Florentino, Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE)

Graduação em Psicologia (UNIVILLE). Especialista em Gestalt-terapia (Centro de Estudos em Gestalt-terapia - CEG/SC).

Aliciene Fusca Machado Cordeiro, Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE)

Doutora em Educação - Psicologia da Educação (PUC-SP). Programa de Pós Graduação em Educação – PPGE; Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE).

Allan Gomes, Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE)

Doutor em Psicologia (UFSC). Programa de Pós Graduação em Educação – PPGE; Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE).

Referências

ASBAHR, Flávia da Silva Ferreira; NASCIMENTO, Carolina Picchetti. Criança não é manga, não amadurece: conceito de maturação na teoria histórico-cultural. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 33, n. 2, p. 414-427, 2013. Acesso: https://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932013000200012

BELL, Judith. Projeto de Pesquisa: guia para pesquisadores iniciantes em educação, saúde e ciências sociais. Porto Alegre: Artmed, 2008.

BELTRAMI, Maria Maria; BOARINI, Maria Lúcia. Saúde mental e infância: reflexões sobre a demanda escolar de um CAPSi. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 33, n. 2, p. 336-349, Brasília, 2013. Acesso: https://doi.org/10.1590/S1414-98932013000200007

BOCK, Ana Mercês Bahia. A perspectiva sócio-histórica de Leontiev e a crítica à naturalização da formação do ser humano: a adolescência em questão. Cadernos do Cedes, Campinas, 2004, v. 24, n. 62, p. 26-43. Acesso: https://doi.org/10.1590/S0101-32622004000100003

______; LIEBESNY, Brônia. Quem eu quero ser quando crescer: um estudo sobre o projeto de vida de jovens em São Paulo. In: OZELLA, Sergio (org.). Adolescências construídas: a visão da psicologia sócio-histórica. São Paulo: Cortez, 2003.

BRASIL. Ministério da Saúde. Lei n.º 10.216, de 6 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Brasil, 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10216.htm>. Acesso em: 4 out. 2020.

______. Ministério da Saúde. Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

CARNEIRO, Maria Sylvia Cardoso. A deficiência mental como produção social: de Itard à abordagem histórico-cultural. In: BAPTISTA, Cláudio Roberto; MACHADO, Adriana Marcondes (orgs.). Inclusão e escolarização: múltiplas perspectivas. Porto Alegre: Mediação, 2006.

COLLARES, Cecília Azevedo Lima; MOYSÉS, Maria Aparecida Affonso. Preconceitos no cotidiano escolar: ensino e medicalização. 3ª ed. Edição Eletrônica. Ed. Autor, 2016.

FACCI, Marilda Gonçalves Dias. A intervenção do psicólogo na formação de professores. In: MARINHO-ARAÚJO, Claisy Maria. Psicologia escolar: novos cenários e contextos de pesquisas, formação e prática. Campinas: Alínea, 2009.

FRANCO, Maria Laura Puglisi Barbosa. Análise de conteúdo. 5. ed. Brasília: Liber Livro, 2018.

FROTA, Ana Maria Monte Coelho. Diferentes concepções da infância e adolescência: a importância da historicidade para sua construção. Estudos e Pesquisas em Psicologia, v. 7, n. 1, p. 144-157, 2007. Acesso: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812007000100013&lng=pt&tlng=pt.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5 ed. reimpr. São Paulo: Atlas, 2010

GOMES, Allan Henrique; TONI, Karolayne Alice da Silva de; BRITO, Silvia Letícia dos Santos de. O trabalho de educadoras sociais: adolescências e desigualdade social. Humanidades & Inovação, 7 (6), p. 362-375, 2020.

GONÇALVES, Mônica Lopes et al. Fazendo pesquisa: do projeto à comunicação científica. 2. ed. Joinville: Editora Univille, 2008.

LUCKOW, Heloiza Iracema; CORDEIRO, Aliciene Fusca Machado. Concepções de Adolescência e Educação na Atuação de Profissionais do CAPSi. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 37, n. 2, p. 393-403, Brasília, 2017. Acesso: https://dx.doi.org/10.1590/1982-3703001432016

LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

MEIRA, Marisa Eugênia Melillo. Construindo uma concepção crítica de psicologia escolar: contribuições da pedagogia histórico-critica e da psicologia sócio-histórica. In: ______; ANTUNES, Mitsuko Aparecida Makino (orgs.) Psicologia escolar: teorias críticas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.

OTUKA, Flávia de Souza; AGUIAR, Wanda Maria Junqueira de. Subjetividade e escolha moral na adolescência: embate entre particularidade e individualidade. REU, v. 35, edição especial, p. 87-96, 2009. Acesso: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-69752009000100010&lng=pt&tlng=pt.

OZELLA, Sergio; AGUIAR, Wanda Maria Junqueira de. Desmistificando a concepção de adolescência. Cadernos de Pesquisa, v. 38, p. 97-125, 2008.

PETRONI, Ana Paula; SOUZA, Vera Lúcia Trevisan de. As relações na escola e a construção da autonomia: um estudo da perspectiva da psicologia. Psicologia & Sociedade, v. 22, p. 355-364, 2010. Acesso: https://dx.doi.org/10.1590/S0102-71822010000200016

ROSA, Elisa Zaneratto. Da rua para a cidadania: a construção de sentidos na construção da travessia. In: OZELLA, Sergio (org.). Adolescências construídas: a visão da psicologia sócio-histórica. São Paulo: Cortez, 2003.

SOUZA, Marilene Proença Rebello. Medicalização na educação infantil e no ensino fundamental e as políticas de formação docente: retornando à patologia para justificar a não aprendizagem escolar: a medicalização e o diagnóstico de transtornos de aprendizagem em tempos de neoliberalismo. Disponível em: <http://31reuniao.anped.org.br/4sessao_especial/se%20-%2012%20-%20marilene%20proena%20rebello%20de%20souza%20-%20participante.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2020.

TANAMACHI, Elenita de Rício; MEIRA, Maria Eugênia Melillo. A atuação do psicólogo como expressão do pensamento crítico em psicologia e educação. In: MEIRA, Marisa Eugênia Melillo; ANTUNES, Mitsuko (orgs.). Psicologia escolar: teorias críticas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.

TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais - A pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

VEIGA-NETO, Alfredo. É preciso ir aos porões. Revista Brasileira de Educação, v. 17, p. 267-282, 2012. Acesso: https://dx.doi.org/10.1590/S1413-24782012000200002

______; LOPES, Maura Corcini. Inclusão, exclusão, in/exclusão. Verve, São Paulo, v. 20, p. 121-135, 2011. Acesso: https://doi.org/10.23925/verve.v0i20.14886

Downloads

Publicado

2022-11-21

Como Citar

Sousa Florentino, T., Fusca Machado Cordeiro, A., & Gomes, A. (2022). SENTIDOS DE ADOLESCÊNCIA E ESCOLA POR JOVENS USUÁRIOS DA POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL: SENSES OF ADOLESCENCE AND SCHOOL BY YOUNG MENTAL HEALTH POLICY USERS. Professare, 11(2), e2966-e2966. https://doi.org/10.33362/professare.v11i2.2966

Edição

Seção

ARTIGOS