A INTERFERÊNCIA DOS ESTIGMAS NA INCLUSÃO DA DIVERSIDADE SEXUAL NO TRABALHO: O OLHAR DE PROFISSIONAIS HOMOSSEXUAIS
THE INTERFERENCE OF STIGMAS IN THE INCLUSION OF SEXUAL DIVERSITY AT WORK: THE PERSPECTIVE OF HOMOSSEXUAL PROFESSIONALS
DOI:
https://doi.org/10.33362/visao.v11i2.2953Palabras clave:
Keywords: Sexual diversity. Stigma. Inclusion.Resumen
O objetivo deste artigo é analisar como profissionais homossexuais percebem a interferência dos estigmas na inclusão da diversidade sexual no trabalho, considerando estarem em condição de desacreditado e desacreditável. Para isto, discutiu-se sobre (i) estigma na perspectiva de Erving Goffman; (ii) estigma e diversidade sexual no trabalho. Trata-se de uma pesquisa descritiva de abordagem qualitativa, tendo como método o estudo de caso. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 15 profissionais homossexuais. Os dados foram analisados por meio da técnica da análise de conteúdo. Os profissionais homossexuais vivem entre estar ou não na condição de desacreditado e desacreditável, isto é, entre transparecer ou não o atributo que vai evidenciar o estigma para o seu meio profissional. Parecer ou não parecer homossexual é uma questão que ficou evidente nas falas dos entrevistados indicando o quão ainda pode ser uma questão “preocupante” para eles no ambiente de trabalho, pois isto implica entre estar incluído ou não; entre ser aceito ou não. Então, com receio da consequência do estigma: do preconceito de serem excluídos, de sofrerem retaliações, do medo do impacto negativo em suas carreiras profissionais, e do medo de serem demitidos, os profissionais homossexuais optam, na maioria das vezes, por esconder a orientação sexual dentro do trabalho. Com isso, viu-se que o papel do gestor na prática da inclusão da diversidade sexual no ambiente de trabalho é relevante para prevenir e impedir situações de preconceitos e discriminações, bem como minimizar o impacto do estigma no trabalho.
Palavras-Chave: Teoria do Estigma. Diversidade no trabalho. Estigma sexual. Inclusão no trabalho.
Abstract: The aim of this article is to analyze how homosexual professionals perceive the interference of stigmas in the inclusion of sexual diversity at work, considering that they are in a discredited and disbelievable condition. For this, we discussed (i) stigma from the perspective of Erving Goffman; (ii) stigma and sexual diversity at work. This is descriptive research with a qualitative approach, using the case study as a method. Semi-structured interviews were carried out with 15 homosexual professionals. Data were analyzed using the content analysis technique. Homosexual professionals live between being or not in the condition of discredited and disbelievable, that is, between showing or not the attribute that will show the stigma for their professional environment. To appear or not to appear homosexual is an issue that was evident in the interviewees ‘statements, indicating how it can still be a “worrying” issue for them in the workplace, as this implies between being included or not; between being accepted pr not. So, fearing the consequence of stigma: the prejudice of being excluded, of suffering retaliation, the fear of the negative impact on their professional careers, and the fear of being fired, homosexual professionals most often choose to hide the orientation sexuality within work. Thus, it was seen that the role of the manager in the practice of including sexual diversity in the work environment is relevant to prevent and prevent situations of prejudice and discrimination, as well as to minimize the impact of stigma at work.
Keywords: Stigma Theory. Diversity at work. Sexual stigma. Inclusion at work.
Citas
ALTMAN, D; AGGLETON, P.; WILLIAMS, M. KONG, T., REDDY, V., HARRAD, D, T. Reis; PARKER, R. Men who have sex with men: stigma and discrimination. The Lancet, v.380, n. 9839), p. 439- 445, 2012.
ARREOLA, S.; SANTOS, G. M.; BECK, J.; SUNDARARAJ, M.; WILSON, P. A.; HEBERT, P.; MAKOFANE, K.; DO, T. D.; AYALA, G. Sexual stigma, criminalization, investment, and access to HIV services among men who have sex with men worldwide. AIDS and Behavior, v.19, n.2, p.227-234, 2015.
BADGETT, M. Vulnerability in the workplace: evidence of anti-gay discrimation. The Policy Journal of the Institute for Gays and Lesbian Strategic Studies, v.2, n. 1, 1997.
BARDIN, L.. Análise de Conteúdo. Trad. Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. 1. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1977.
BAUER, M. W.; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. 2.ed. São Paulo: Vozes, 2002.
BECKER, H. S. Outsiders: Studies in the Sociology of Deviance. Nova Iorque: The Free Press, 1963.
BENEDETTO, S.; BONIN, J.; WAMSER, C. Diversidade de gênero: proposta de inclusão da diversidade de gênero nas empresas do município de Caçador-SC. Revista Visão: Gestão Organizacional, v.9, n. 1, p.133-149, 2020. DOI: https://doi.org/10.33362/visão.v9i1.2245.
CAPRONI, H. L. C. N.; Saraiva, L. A. S. Masculinidades, Trabalho e Reprodução de Preconceitos: Um estudo com Trabalhadores Gays, Lésbicas e Bissexuais. Revista de Administração IMED, v.8, n.1, p. 191-215, 2018.
CHEN, C. C.; HERNANDO, M. M.; PANEBIANCO, A. Sexual Minority School Psychologists’ Perceptions of School Climate and Professional Commitment. Springer Science+Business Media, LLC, part of Springer Nature, 2019.
CORTEZ, P. A.; SOUZA, M. V. R.; SALVADOR, A. P.; OLIVEIRA, L. F. A. Sexismo, misoginia e LGBTQfobia: desafios para promover o trabalho inclusivo no Brasil. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v.29, n. 4. Rio de Janeiro, 2019.
FARINHA, C. A. Um olhar sobre a inclusão da diversidade sexual nas organizações. Perspectivas em Políticas Públicas, Belo Horizonte, v.10, n. 20, p.211-240, 2017.
GODOY, A. S. (1995). Introdução a pesquisa qualitativa e suas possibilidades, Revista de Administração de Empresas (RAE). São Paulo, v.35, n.2, p.57-63.
GOFFMAN E. Stigma: notes on the management of spoiled identity. Englewood Cliffs (NJ): Prentice Hall, 1963.
GONÇALVES, E. B. P.; ESPEJO, M. M. S. B.; ALTLOÉ, S. M. L.; VOESE, S. B. Gestão da Diversidade: um estudo de gênero e raça em grandes empresas brasileiras. Enfoque Reflexão Contábil. UEM. Paraná, v.35 n.1, p.95-111, 2016.
HEREK, G. M. Anti‐equality marriage amendments and sexual stigma. Journal of Social Issues, v.67, n. 2, p.413-426, 2011.
HEREK, G. M.; GILLIS, J. R; COGAN, J. C. Internalized stigma among sexual minority adults: Insights from a social psychological perspective. Journal of Counseling psychology, v.56, n. 1, p.32, 2009.
HEREK, G. M; MCLEMORE, K. A. Sexual prejudice. Annual review of psychology, v.64, p.309-333, 2013.
MACCALLI, N.; KUABARA, P.S.S.; TAKAHASHI, A. R. W.; ROGLIO, K. D.; BOEHS, S. T. M. As práticas de Recursos Humanos para a gestão da diversidade: a inclusão de deficientes intelectuais em uma federação pública do Brasil. RAM- Revista de Administração Mackenzie, v.16, n. 2, p.157-187, São Paulo, 2015.
MAGALHÃES; A. F.; SARAIVA, L. A. S. Contradições entre essência e aparência nos processos de empoderamento de gays em organizações de trabalho, Revista Gestão e Planejamento, Salvador, v.19, n. 1, p.159-176, 2018.
MAIA, P. L. O. Gestão da diversidade no contexto organizacional brasileiro: Um enfoque sob a revisão sistemática da literatura. Revista CONBRAD, v.3, n. 1, 2018.
MARTINEZ-GUZMAN, A.; INIGUEZ-RUEDA, L. Práticas Discursivas e Violência Simbólica Relacionadas à comunidade LGBT em Espaços Universitários. Paidéia (Ribeirão Preto) [online]. v.27, n. 1, suppl.1, p.367-375, 2017. ISSN 1982-4327. https://doi.org/10.1590/1982-432727s1201701.
MARTINS, B. L. O.; VACLAVIK, M.; ANTUNES, E. D. Diversidade sexual nas organizações e o homossexual no ambiente de trabalho. Elementos de Administração 2, p.109-124, Atena Editora, 2019.
MOURA, R. G.; NASCIMENTO, R. P. O estigma da feminilidade nas organizações: um estudo a partir da visão de sujeitos gays. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa. Curitiba, v.19, n. 2, p.203-226, 2020.
NICHOLS, J. Soup kitchens: The stigma of being poor and the construction of social identity. International Social Work, v.63, n.5), p.584-596.
PANIZA, M. D. R. Entre a emergência, a submersão e o silêncio: LGBT como categoria de pesquisa em Administração. Cad. EBAPE.BR, v.18, n. 1, Rio de Janeiro, 2020.
POMPEU, S. L. E; ROHM, R. H. D. Gerenciamento da Identidade e Estratégias de Enfrentamento da Discriminação no Trabalho Usadas por Mulheres Homossexuais. Revista ADM. MADE, v.22, n. 3, p.1-21, 2018.
POMPEU, S. L. E; SOUZA, E. M. A discriminação homofóbica por meio do humor: naturalização e manutenção da heteronormatividade no contexto organizacional. Revista Organizações & Sociedade, v.26, n.91, 645-664, 2019.
RABELO, A. M; NUNES, S. C. “Sair ou ficar no armário”? Eis a questão! Estudo sobre as razões e os efeitos do coming out no ambiente de trabalho. Revista Economia & Gestão, v.17, n.48, p.82-97, 2017.
SANTOS, T. S; BENEVIDES, T. M. A Falácia Organizacional: Uma análise sobre a percepção dos trabalhadores LGBTQ+ em relação às políticas da diversidade. Investigação Qualitativa em Ciências Sociais, v.3, n.1. Atlas, 2019.
SOUZA, A. K. C.; PEREIRA, J. R.; TORRES, T. P. R.; BARATA, J. G. “Bota a cara no sol”: O silêncio e a resistência na empregabilidade LGBT. Revista Horizontes Interdisciplinares da Gestão, Belo Horizonte, v.4, n. 1, 2020.
TAKÁCS, J. LGBT Employees in the Hungarian labor market. Springer International Publishing Switzerland, 2016, DOI 10.1007/978-3-319-29623-4_14.
TELITI, A.. Sexual prejudice and stigma of LGBT people. European Scientific Journal, ESJ, v.11, n.14, 2015.
VERSIANI, F. “O Negro deles é diferente”: um estudo sobre a influência dos estigmas dos trabalhadores solicitantes de refúgio no mercado de trabalho brasileiro. 2019, 164f. Tese (Doutorado em Administração). Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Belo Horizonte: PUC Minas.
VILLAR, F; FABÀ, J.; SERRAT, R.; CELDRÁN, M. Personas Mayores LGBT que Viven en Instituciones de Cuidado: Desafíos y Barreras para el Mantenimiento de Derechos Sexuales. PSI UNISC, Santa Cruz do Sul, v.2, n. 2, p. 8-18, 2018.
VINUTO, J. A amostragem em bola de neve na pesquisa qualitativa: um debate em aberto. Temáticas, Campinas, v.22, n. 44, p. 203-220. 2014.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2022 MARA DRUMMOND, Fernanda Versiani
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial 4.0.
Estou ciente de que, através da submissão voluntária de meu texto ao corpo editorial da revista Visão, editada pela Universidade Alto Vale do Rio do Peixe - UNIARP, estou concedendo à Universidade Alto Vale do Rio do Peixe a autorização de publicar o respectivo texto na revista a título não oneroso e declarando a originalidade do texto e sua não submissão simultanea a qualquer outro periódico, em meu nome e em nome dos demais coautores, se eventualmente existirem.Reitero que permaneço como legítimo titular de todos os direitos patrimoniais que me são inerentes na condição de autor. Comprometo-me também a não submeter este mesmo texto a qualquer outro periódico no prazo de, pelo menos, um (1) ano. Declaro estar ciente de que a não observância deste compromisso acarretará em infração e conseqüente punição tal como prevista na Lei de Proteção de Direitos Autorias (Nº9609, de 19/02/98).